(título gentilmente "roubado" da música de Geraldo Vandré, segundo lugar no Festival Internacional da Canção de 1968 )
Toda vez que ouvimos a palavra LEUCEMIA pensamos em sofrimento, dor, e até mesmo morte. É claro que tudo isso vem no pacote, lembro-me muito vagamente do dia que recebi o diagnóstico pela primeira vez. Eu fiquei olhando pra cara do médico totalmente incrédula e de repente parei de compreender tudo o que ele dizia, como se estivesse falando aramaico ou qualquer outra língua morta.
Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, pois eu esqueci. Meu inconsciente e o meu consciente deram as mãozinhas e saíram saltitando por aí e não retornaram por um bom tempo. Por onde andaram eu não sei, mas sei que isso contribuiu muito para que eu conseguisse manter minha sanidade mental.
Da segunda vez foi um pouco diferente, e sobrevivi mais uma vez.
Já estava mais calejada - não que eu tenha tirado de letra -: passar por uma experiência dessas não é mole pra ninguém e me fechei em uma conchinha de dor e sofrimento que ninguém conseguia abrir.
E agora veio a terceira, e o que mudou desde a primeira e a segunda vez é o valor que dou a cada gesto vindo de pessoas que não tem obrigação nenhuma de estar nessa luta comigo. Mas estão firmes e fortes e passando essa força e boas energias pra mim. Hoje valorizo uma companhia na internet, uma sms no celular, os esporrinhos vez ou outra... Mas isso veio com amadurecimento e com a convicção de que não devo sentir pena de mim. Quando existe auto-piedade, a gente olha tanto para o sofrimento que esquecemos de olhar para o que acontece de bom apesar do sofrimento. Nós temos opções, somos donos de nossas escolhas. Hoje escolho rir e antes fazia absoluta questão de chorar e assim, com lágrimas nos olhos, não conseguia enxergar nada além de borrões.
Não sei o que vai acontecer comigo nesta terceira vez e é lógico que choro às vezes, não está sendo fácil, mas seria muito mais difícil se eu tivesse me fechado mais uma vez para todos aqueles que me apóiam. Venho tentando encarar mais essa jornada como aprendizado e não como castigo; e desta vez tento manter meus olhos abertos e bem limpos para ver as cores e as flores que nasceram em minha vida.
P.S.: As orquídeas são para as melhores flores e amigas que eu poderia ter.
Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece, pois eu esqueci. Meu inconsciente e o meu consciente deram as mãozinhas e saíram saltitando por aí e não retornaram por um bom tempo. Por onde andaram eu não sei, mas sei que isso contribuiu muito para que eu conseguisse manter minha sanidade mental.
Da segunda vez foi um pouco diferente, e sobrevivi mais uma vez.
Já estava mais calejada - não que eu tenha tirado de letra -: passar por uma experiência dessas não é mole pra ninguém e me fechei em uma conchinha de dor e sofrimento que ninguém conseguia abrir.
E agora veio a terceira, e o que mudou desde a primeira e a segunda vez é o valor que dou a cada gesto vindo de pessoas que não tem obrigação nenhuma de estar nessa luta comigo. Mas estão firmes e fortes e passando essa força e boas energias pra mim. Hoje valorizo uma companhia na internet, uma sms no celular, os esporrinhos vez ou outra... Mas isso veio com amadurecimento e com a convicção de que não devo sentir pena de mim. Quando existe auto-piedade, a gente olha tanto para o sofrimento que esquecemos de olhar para o que acontece de bom apesar do sofrimento. Nós temos opções, somos donos de nossas escolhas. Hoje escolho rir e antes fazia absoluta questão de chorar e assim, com lágrimas nos olhos, não conseguia enxergar nada além de borrões.
Não sei o que vai acontecer comigo nesta terceira vez e é lógico que choro às vezes, não está sendo fácil, mas seria muito mais difícil se eu tivesse me fechado mais uma vez para todos aqueles que me apóiam. Venho tentando encarar mais essa jornada como aprendizado e não como castigo; e desta vez tento manter meus olhos abertos e bem limpos para ver as cores e as flores que nasceram em minha vida.
P.S.: As orquídeas são para as melhores flores e amigas que eu poderia ter.
2 de novembro de 2008 às 02:11:00 BRST
Vou dizer algo melhor, juro.
2 de novembro de 2008 às 10:48:00 BRST
Juliana,
Li e reli seus textos e em todas as vezes as lágrimas rolaram. Aos olhos de quem vê parece pequena e frágil e só quem te conhece realmente sabe o tamanho da força que existe dentro de você. Sinto orgulho, muito orgulho de ser sua mãe e de ter tido a chance de ver esse processo de transformação e amadurecimento de bem perto.
Saudades
Mamãe
2 de novembro de 2008 às 11:43:00 BRST Este comentário foi removido pelo autor.
5 de novembro de 2008 às 13:53:00 BRST
Conheci Ju, a cerca de 3 ou 4 anos (sei lá). No auge de sua juventude, Ju havia superado a 1º vez, e sentia-se forte, superior, linda, a dona do mundo. A inteligencia era latente, e sabedora disso, ela brincava, pior, subjulgava pessoas. Mas a prepotencia fez Ju deixar o rabo pra fora. Mesmo o traste não querendo, descobri então, uma pessoa sencivel, doce, meiga...Nesta hora, descobri a verdadeira Ju.
Coincidentemente, chegou a 2º vez...vi Ju desabar... mas esta pena de si mesmo me irritava, me gastava ... mas o tempo passou...Ju renasceu ... esqueceu de mim, e brilhou !!!
Então, veio a 3º vez...a Ju apareceu...quando descobri, de imediato, me assustei...mas para minha surpresa, deparo-me com um texto desses.
Tenho orgulho de ser amigo desta peste !!!!!