Estranhamento é realmente uma palavra estranha, a primeira vez que ouvi foi no curso de letras, tinha uma professora doida demais, mas era a cadeira q eu mais curtia, era Gilda minha professora, e a cadeira era teoria da literatura.
Ela viajava na aula e tenho pra mim que dava um dois antes de entrar em sala, era uma raridade no curso a aula ser dada pelo professor, geralmente eram alunos de mestrado que davam aula na graduação, mas a Gilda estava lá sempre, pontualmente as 7 da matina, chapada, mas estava lá.
Nunca fui uma aluna pontual, chegava atrasada diretão. Mas ela nunca me olhou com reprovação quando eu adentrava afobada com mp3 no ouvido e sandália fazendo poc poc no assoalho da sala. Muito pelo contrário, com todas as minhas “patricices” (sim, sempre tive um jeito meio patricinha de ser), eu era uma das únicas alunas no curso inteiro que ela cogitava orientar caso eu quisesse fazer o mestrado em teoria. Foi ela que me ensinou que a felicidade é efêmera, que o mundo é uma latrina e que nós somos o coco boiando, e no fundo tudo isso é verdade. E tem o estranhamento. Tudo aquilo que não conhecemos e que nos causa um certo desconforto, daí vem o estranhamento...
Priscila me causou estranhamento, conheci em uma comunidade no Orkut sobre leucemia, super ativa e super estranha, totalmente diferente de mim. É obvio que também sou inteligente, informada, talentosa mas ela do jeito dela e eu do meu.
Mas sabe água e azeite quando não se misturam? Somos totalmente diferentes, muito diferentes mesmo. Não curtimos o mesmo som, nem música, filmes, livros só alguns poucos, roupas também, nada combina. A única coisa que nos aproximou e mesmo assim só no início foi a leucemia. Adicionei no MSN e se conversamos 5 vezes em 3 anos foi muito, mas nunca “nos deletamos”, não sei se por respeito, por consideração. Lembro-me perfeitamente de uma vez que ela estava fazendo uma faxina no MSN e colocou no Nick “ Faxina na lista de contatos”, imediatamente mandei uma mensagem dizendo para ela não me deletar, ela não deletou, mas também não conversamos mais.
Ano passado, 2008 eu estava muito bem, em remissão ha 2 anos, não sei porque cargas d’água vi Priscila online e falei com ela, era madrugada, ela estava jogando com Sam e uma outra amiga nossa online e perguntou se eu queria jogar, concordei e começamos a falar do tal jogo. Isso foi bem no início de 2008 acho. E foi aí que começamos a nossa amizade, depois de quase 5 anos, foram quase 5 anos de contato no MSN antes da amizade começar.
O estranhamento acabou, eu estava mais amadurecida para ela e ela para mim, não me importa se ela não curte o som que eu curto, se ela não se veste como eu, se não curtimos os mesmos lugares, eu quero curtir ela antes de curtir qualquer coisa.
Pouco tempo depois de retomarmos o contato ela me apresentou a Sam, e pouco tempo depois disso a Sam perdeu o Régis para a leucemia. Isso nos uniu, a Pri ficou triste eu também fiquei arrasada, sumimos um pouco umas das outras, mas logo depois caímos na real e grudamos na Sam. Mesmo que a distância tentamos apoiá-la e fundamos o GAP, Grupo de Apoio Particular, sempre ali, nos apoiando e principalmente tentando dar apoio a Sam.
Até que eu recaí, quando recebi a notícia nós 3 já estávamos muito grudadas, e já estava saindo com a Pri com uma certa regularidade. Pelo menos uma vez por mês a gente se encontrava. Foi um baque para todas nós. Eu pensava não ter mais forças para passar por tudo outra vez.
Mas as pessoas não entram na nossa vida por um mero acaso, tudo tem um sentido, um motivo e penso que elas entraram na minha vida no momento certo. Minha amizade com a Pri amadureceu e floresceu quando eu nem imaginava que eu ia precisar tanto de apoio.
Eu desisti, fiquei sem me tratar por um período e ela obviamente ficou puta comigo, mal nos falávamos. Foi difícil pra caramba, quase morri. E a minha ficha caiu e me perguntei que direito eu tinha de entrar na vida dela assim, e sair como uma covarde. Logo na vida dela, que passou por isso também, que sabia exatamente o que eu estava sentindo. Eu não tinha esse direito. Não tem preço que pague a amizade que tenho com elas. As pessoas entram e saem de nossas vidas, namorados, colegas de trabalho, de faculdade... Mas tem pessoas que entram em nossas vidas para fazer diferença, para fazer com que a gente lembre que a vida vale a pena e que sempre tem um lado bom nas coisas mesmo quando parece não ter, essas eu quero que fiquem e participem da minha vida eternamente.
Se hoje eu estou aqui ela tem uma graaaaande parcela de culpa. Esse texto também é culpa dela, portanto se não gostam do que eu escrevo, se me acham uma chata de galocha, por favor, Batam na Priscila.
Hahahahahaha
Ela viajava na aula e tenho pra mim que dava um dois antes de entrar em sala, era uma raridade no curso a aula ser dada pelo professor, geralmente eram alunos de mestrado que davam aula na graduação, mas a Gilda estava lá sempre, pontualmente as 7 da matina, chapada, mas estava lá.
Nunca fui uma aluna pontual, chegava atrasada diretão. Mas ela nunca me olhou com reprovação quando eu adentrava afobada com mp3 no ouvido e sandália fazendo poc poc no assoalho da sala. Muito pelo contrário, com todas as minhas “patricices” (sim, sempre tive um jeito meio patricinha de ser), eu era uma das únicas alunas no curso inteiro que ela cogitava orientar caso eu quisesse fazer o mestrado em teoria. Foi ela que me ensinou que a felicidade é efêmera, que o mundo é uma latrina e que nós somos o coco boiando, e no fundo tudo isso é verdade. E tem o estranhamento. Tudo aquilo que não conhecemos e que nos causa um certo desconforto, daí vem o estranhamento...
Priscila me causou estranhamento, conheci em uma comunidade no Orkut sobre leucemia, super ativa e super estranha, totalmente diferente de mim. É obvio que também sou inteligente, informada, talentosa mas ela do jeito dela e eu do meu.
Mas sabe água e azeite quando não se misturam? Somos totalmente diferentes, muito diferentes mesmo. Não curtimos o mesmo som, nem música, filmes, livros só alguns poucos, roupas também, nada combina. A única coisa que nos aproximou e mesmo assim só no início foi a leucemia. Adicionei no MSN e se conversamos 5 vezes em 3 anos foi muito, mas nunca “nos deletamos”, não sei se por respeito, por consideração. Lembro-me perfeitamente de uma vez que ela estava fazendo uma faxina no MSN e colocou no Nick “ Faxina na lista de contatos”, imediatamente mandei uma mensagem dizendo para ela não me deletar, ela não deletou, mas também não conversamos mais.
Ano passado, 2008 eu estava muito bem, em remissão ha 2 anos, não sei porque cargas d’água vi Priscila online e falei com ela, era madrugada, ela estava jogando com Sam e uma outra amiga nossa online e perguntou se eu queria jogar, concordei e começamos a falar do tal jogo. Isso foi bem no início de 2008 acho. E foi aí que começamos a nossa amizade, depois de quase 5 anos, foram quase 5 anos de contato no MSN antes da amizade começar.
O estranhamento acabou, eu estava mais amadurecida para ela e ela para mim, não me importa se ela não curte o som que eu curto, se ela não se veste como eu, se não curtimos os mesmos lugares, eu quero curtir ela antes de curtir qualquer coisa.
Pouco tempo depois de retomarmos o contato ela me apresentou a Sam, e pouco tempo depois disso a Sam perdeu o Régis para a leucemia. Isso nos uniu, a Pri ficou triste eu também fiquei arrasada, sumimos um pouco umas das outras, mas logo depois caímos na real e grudamos na Sam. Mesmo que a distância tentamos apoiá-la e fundamos o GAP, Grupo de Apoio Particular, sempre ali, nos apoiando e principalmente tentando dar apoio a Sam.
Até que eu recaí, quando recebi a notícia nós 3 já estávamos muito grudadas, e já estava saindo com a Pri com uma certa regularidade. Pelo menos uma vez por mês a gente se encontrava. Foi um baque para todas nós. Eu pensava não ter mais forças para passar por tudo outra vez.
Mas as pessoas não entram na nossa vida por um mero acaso, tudo tem um sentido, um motivo e penso que elas entraram na minha vida no momento certo. Minha amizade com a Pri amadureceu e floresceu quando eu nem imaginava que eu ia precisar tanto de apoio.
Eu desisti, fiquei sem me tratar por um período e ela obviamente ficou puta comigo, mal nos falávamos. Foi difícil pra caramba, quase morri. E a minha ficha caiu e me perguntei que direito eu tinha de entrar na vida dela assim, e sair como uma covarde. Logo na vida dela, que passou por isso também, que sabia exatamente o que eu estava sentindo. Eu não tinha esse direito. Não tem preço que pague a amizade que tenho com elas. As pessoas entram e saem de nossas vidas, namorados, colegas de trabalho, de faculdade... Mas tem pessoas que entram em nossas vidas para fazer diferença, para fazer com que a gente lembre que a vida vale a pena e que sempre tem um lado bom nas coisas mesmo quando parece não ter, essas eu quero que fiquem e participem da minha vida eternamente.
Se hoje eu estou aqui ela tem uma graaaaande parcela de culpa. Esse texto também é culpa dela, portanto se não gostam do que eu escrevo, se me acham uma chata de galocha, por favor, Batam na Priscila.
Hahahahahaha